Certa vez, no Shopping Barra, em Salvador, Bahia, uma loja divulgou uma peça publicitária no dia 12 de junho, dia dos namorados, na qual apareciam três casais, sendo um heterossexual, no centro, e dois homossexuais nas extremidades. A peça publicitária buscava contemplar os vários arranjos afetivo-sexuais que mulheres e homens vivenciam na nossa sociedade, muito embora as relações homossexuais não sejam mostradas com tanta veemência.
A loja hoje não funciona mais, mas não associo a esse gesto. Na época, lembro-me de ter perguntado ao vendedor como as pessoas estavam reagindo, pois a ostensividade do que não é normativo previa respostas. Segundo ele, algumas pessoas reagiam positivamente, mas as "senhoras", baluartes da moral e bons costumes, tinham reagido negativamente. Acontece que as imagens não estavam isentas de apelo erótico e isso serviu para escamotear o preconceito homofóbico.
O casal hetero, que estava ao centro, simulavam um beijo terno, focando apenas o rosto de ambos. O casal de homens estava representado de corpo inteiro, nus, corpos musculosos, um de frente para o outro, em um gesto de carinho. Já o casal de mulheres focalizava apenas o rosto, sendo que a expressão facial emitia sinais de gozo (olhos fechados, boca entreaberta, etc).
Lógico que a exposição das cenas eróticas não eram o foco, mas ajudou a ocultar o interdito social da relação afetivo-sexual entre pessoas do mesmo sexo. É como se dissessem: "não é o fato de eles estarem em uma propaganda, mas como eles estão". Desse modo, a seleção das imagens, de uma certa forma, proporcionou a estigmatização, a estereotipagem, ao atenuar a erotização no casal hetero e acentuar no casal homo.
Apesar do deslize, a peça publicitária não se repetiu mais. O intedito social continua, pois as empresas não querem vincular o seu produto a uma outra norma de relação afetivo-sexual que não seja a estabelecida. Posar casais homossexuais em peças publicitárias significa um largo passo para uma sociedade alicerçada em valores cristãos e burgueses.
No máximo, modelos andróginos.
A loja hoje não funciona mais, mas não associo a esse gesto. Na época, lembro-me de ter perguntado ao vendedor como as pessoas estavam reagindo, pois a ostensividade do que não é normativo previa respostas. Segundo ele, algumas pessoas reagiam positivamente, mas as "senhoras", baluartes da moral e bons costumes, tinham reagido negativamente. Acontece que as imagens não estavam isentas de apelo erótico e isso serviu para escamotear o preconceito homofóbico.
O casal hetero, que estava ao centro, simulavam um beijo terno, focando apenas o rosto de ambos. O casal de homens estava representado de corpo inteiro, nus, corpos musculosos, um de frente para o outro, em um gesto de carinho. Já o casal de mulheres focalizava apenas o rosto, sendo que a expressão facial emitia sinais de gozo (olhos fechados, boca entreaberta, etc).
Lógico que a exposição das cenas eróticas não eram o foco, mas ajudou a ocultar o interdito social da relação afetivo-sexual entre pessoas do mesmo sexo. É como se dissessem: "não é o fato de eles estarem em uma propaganda, mas como eles estão". Desse modo, a seleção das imagens, de uma certa forma, proporcionou a estigmatização, a estereotipagem, ao atenuar a erotização no casal hetero e acentuar no casal homo.
Apesar do deslize, a peça publicitária não se repetiu mais. O intedito social continua, pois as empresas não querem vincular o seu produto a uma outra norma de relação afetivo-sexual que não seja a estabelecida. Posar casais homossexuais em peças publicitárias significa um largo passo para uma sociedade alicerçada em valores cristãos e burgueses.
No máximo, modelos andróginos.