domingo, 24 de julho de 2011

Amy Jade Winehouse

Amy Winehouse nasceu em uma área suburbana de Southgate, bairro de Londres, numa família judia de quatro pessoas, com tradição musical ligada ao jazz. Seu pai, Mitchell Winehouse, era motorista de táxi e sua mãe, Janis, farmacêutica. Amy tem ainda um irmão mais velho, Alex Winehouse. Cresceu em Southgate, onde fez os estudos na Ashmole School. (wikipedia)

Ter nascido em setembro já lhe confere uma áura artística, típica dos virginianos. Já a sua intensidade vem da energia do signo que precede, leão.

A morte da cantora britânica Amy Winehouse nos faz pensar seriamente sobre uma geração de mulheres que transitam pelo meio artístico e  também em mulheres que, embora não estejam diante dos holofotes, morrem diariamente por dependência: química, patrimonial, emocional, financeira, psicológica.

Para além de perscrutar as causa da morte da cantora, quase toda ela apontando para o consumo das drogas, o fato é que não se consegue sair de um discurso culpabilizante, moralista e condenatório, enxergando apenas a superfície da questão. Vejo a relação entre talento, mídia, consumo e uma marca que atribuo a uma geração de mulheres, assoladas pela desesperança e pela indignação diante da vida. A morte por drogas é um misto de suicídio e homicídio, já que, em razão de não ser executado por outro, ganha contornos suicidas, mas, se olharmos por outro ângulo, veremos que neste gesto há uma forte participação da sociedade, já que os sujeitos que aqui estão não foram criados em outro planeta. Isso me fez lembrar o romance Atire em Sofia, de Sonia Coutinho, 1989, quando a voz narrativa não deixa claro para o leitor a autoria do crime, deixando várias possibilidades, incluindo as instituições sociais.

Em tempos de extremo individualismo, é mais fácil atribuir à morte de Amy a uma atitude que resulta em uma escolha pessoal, um estilo de vida, mas acredito que qualquer dependência seja uma situação muito difícil de sair, porque para ter se chegado a essa situação, a pessoa foi seduzia ou forçada a consumir uma ideia. As ideias não são boas ou ruins em si, mas elas são apresentadas de forma sedutora porque o mundo dos holofotes é muito atraente, o poder, a fama, mas este mesmo mundo que promete luz e glória apresenta a sua face mais perversa, pois quem dá um dia, no outro quer de volta.

Qualquer dependência é perniciosa, seja ela química ou cultural. Não conhecemos nada sobre Amy a não ser que tinha uma linda voz, era talentosa, que consumia drogas e apresentava-se bêbada nos shows. A mídia mostra uma mulher completamente outsider, embora, paradoxalmente, seja essa performance que renda uma fortuna para a mesma sociedade que a execra.

Não tinha chegado aos 30 e já aparentava um desgaste físico, marcando em seu corpo pela dor e pela intensidade, uma extrema vontade de viver e de prazer que só poderia existir metafisicamente. As ideias oferecidas ao consumidor diariamente são pequenos prazeres passageiros, como é tudo na vida, mas nos enganam desde que nascemos com o discurso de um permanente estado de gozo que, obviamente, pela sua inexistência, só poderia atrair tragédias cotidianas.

Eu não conheci Amy, mas a sua história não deve ser muito diferentes de outras mulheres de sua geração e quiçá de outras, de tempos remotos, de mulheres talentosas, mas que, de alguma forma, não conseguem viver neste mundo.

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